No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
-Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome que o mantivera:
O menino da sua mãe
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço...Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há prece:
Que volte cedo, e bem!
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
-Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome que o mantivera:
O menino da sua mãe
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço...Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há prece:
Que volte cedo, e bem!
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
"O Menino de Sua Mãe" - Fernando Pessoa
1 comentário:
«Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
.......
Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar..»
Adriano Correia de Oliveira
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