terça-feira, 22 de maio de 2007

Alma Minha Gentil, Que Te Partiste


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
*
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
*
E se vires que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
*
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
*
Luís Vaz de Camões

1 comentário:

Anónimo disse...

"Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre."

Sophia de Mello Breyner Andresen