quarta-feira, 30 de março de 2011

domingo, 27 de março de 2011

Coldplay - Clocks

Ah! Os relógios


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia em for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas

que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mário Quintana


sábado, 26 de março de 2011

Depois do Sol


Fez-se noite com tal mistério,
Tão sem rumor, tão devagar,
Que o crepúsculo é como um luar
Iluminando um cemitério...

Tudo imóvel... Serenidades...
Que tristeza, nos sonhos meus!
E quanto choro e quanto adeus
Neste mar de infelicidades!

Oh! Paisagens minhas de antanho...
Velhas, velhas... Nem vivem mais...
- As nuvens passam desiguais,
Com sonolência de rebanho...

Seres e coisas vão-se embora...
E, na auréola triste do luar,
Anda a lua, tão devagar,
Que parece Nossa Senhora

Pelos silêncios a sonhar...

Cecília Meireles

Keep The Good Times Rolling


«Caminhamos para uma ruína! - exclama o Presidente do Conselho. - O défice cresce! O País está pobre! A única maneira de nos salvarmos é o imposto que temos a honra, etc...»

Mas então o partido regenerador, que está na oposição, brame de desespero, reúne o seu centro. As faces luzem de suor, os cabelos pintados destingem-se de agonia, e cada um alarga o colarinho na atitude de um homem que vê desmoronar-se a Pátria!

— Como assim! - exclamam todos - mais impostos!?

E então contra o imposto escrevem-se artigos, elaboram-se discursos, tramam-se votações! Por toda a Lisboa rodam carruagens de aluguel, levando, a 300 réis por corrida, inimigos do imposto! Prepara-se o cheque ao ministério histórico... Zás! cai o ministério histórico!

E ao outro dia, o partido regenerador, no poder, triunfante, ocupa as cadeiras de S. Bento. Esta mudança alterou tudo: os fundos desceram mais, as transacções diminuíram mais, a opinião descreu mais, a moralidade pública abateu mais - mas finalmente caiu aquele ministério desorganizador que concebera o imposto, e está tudo confiado, esperando.

Abre a sessão parlamentar. O novo ministério regenerador vai falar.

Os senhores taquígrafos aparam as suas penas velozes. O telégrafo está vibrante de impaciência, para comunicar aos governadores civis e aos coronéis a regeneração da Pátria. Os senhores correios de secretaria têm os seus corcéis selados!

Porque, enfim, o ministério regenerador vai dizer o seu programa, e todo o mundo se assoa com alegria e esperança!

— Tem a palavra o Sr. Presidente do Conselho.

— O novo presidente: «Um ministério nefasto (apoiado, apoiado! - exclama a maioria histórica da véspera) caiu perante a reprovação do País inteiro. Porque, Senhor Presidente, o País está desorganizado, é necessário restaurar o crédito. E a única maneira de nos salvarmos...»

Murmúrios. Vozes: Ouçam! ouçam!

«...É por isso que eu peço que entre já em discussão... (atenção ávida que faz palpitar debaixo dos fraques o coração da maioria...) que entre em discussão - o imposto que temos a honra, etc. (apoiado! apoiado!)»

E nessa noite reúne-se o centro histórico, ontem no ministério, hoje na oposição.

Todos estão lúgubres.

— «Meus senhores - diz o presidente, com voz cava. - O País está perdido! O ministério regenerador ainda ontem subiu ao poder, e doze horas depois já entra pelo caminho da anarquia e da opressão propondo um imposto! Empreguemos todas as nossas forças em poupar o País a esta última desgraça! - Guerra ao imposto!...»


Eça de Queiroz, in "As Farpas" -Maio de 1871 (Ed. Principia, p. 37)


sexta-feira, 25 de março de 2011

God Bless You, Roger Sterling.

Ah, Are You Digging On My Grave?













"Ah, are you digging on my grave,
My loved one? -- planting rue?"
-- "No: yesterday he went to wed
One of the brightest wealth has bred.
'It cannot hurt her now,' he said,
'That I should not be true.'"

"Then who is digging on my grave,
My nearest dearest kin?"
-- "Ah, no: they sit and think, 'What use!
What good will planting flowers produce?
No tendance of her mound can loose
Her spirit from Death's gin.'"

"But someone digs upon my grave?
My enemy? -- prodding sly?"
-- "Nay: when she heard you had passed the Gate
That shuts on all flesh soon or late,
She thought you no more worth her hate,
And cares not where you lie.

"Then, who is digging on my grave?
Say -- since I have not guessed!"
-- "O it is I, my mistress dear,
Your little dog , who still lives near,
And much I hope my movements here
Have not disturbed your rest?"

"Ah yes! You dig upon my grave...
Why flashed it not to me
That one true heart was left behind!
What feeling do we ever find
To equal among human kind
A dog's fidelity!"

"Mistress, I dug upon your grave
To bury a bone, in case
I should be hungry near this spot
When passing on my daily trot.
I am sorry, but I quite forgot
It was your resting place."

Thomas Hardy

My Heart Is a Tart

Placebo - Every You, Every Me

quinta-feira, 24 de março de 2011

God Bless You, Don Draper.

Stars - Your Ex-Lover Is Dead

Do Not Stand at My Grave and Weep
























Do not stand at my grave and weep,
I am not there, I do not sleep.
I am in a thousand winds that blow,
I am the softly falling snow.
I am the gentle showers of rain,
I am the fields of ripening grain.
I am in the morning hush,
I am in the graceful rush
Of beautiful birds in circling flight,
I am the starshine of the night.
I am in the flowers that bloom,
I am in a quiet room.
I am in the birds that sing,
I am in each lovely thing.
Do not stand at my grave bereft
I am not there. I have not left.
Mary Elisabeth Frye

domingo, 13 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011