quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Fata Morgana



fa·ta mor·ga·na (fä'tə môr-gä'nə) n.

See mirage (sense 1).


[Italian, mirage, Morgan le Fay (from the belief that the mirage was caused by her witchcraft) : fata, fairy (from Vulgar Latin fāta, goddess of fate; see fairy) + Morgana, Morgan (probably from Old Irish Morrigain).]


FATA MORGANA

BLUE-EYED phantom far before
Is laughing, leaping toward the sun:
Like lead I chase it evermore,
I pant and run.

It breaks the sunlight bound on bound:
Goes singing as it leaps along
To sheep-bells with a dreamy sound
A dreamy song.

I laugh, it is so brisk and gay;
It is so far before, I weep:
I hope I shall lie down some day,
Lie down and sleep.

Christina Rossetti (1830-1894)

Fata Morgana


O sweet illusions of song
That tempt me everywhere,
In the lonely fields, and the throng
Of the crowded thoroughfare!
I approach and ye vanish away,
I grasp you, and ye are gone;
But ever by night and by day,
The melody soundeth on.
As the weary traveller sees
In desert or prairie vast,
Blue lakes, overhung with trees
That a pleasant shadow cast;
Fair towns with turrets high,
And shining roofs of gold,
That vanish as he draws nigh,
Like mists together rolled --
So I wander and wander along,
And forever before me gleams
The shining city of song,
In the beautiful land of dreams.
But when I would enter the gate
Of that golden atmosphere,
It is gone, and I wonder and wait
For the vision to reappear.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

"And As It's Going..." (1907)



And as it's going often at love's breaking,
The ghost of first days came again to us,
The silver willow through window then stretched in,
The silver beauty of her gentle branches.
The bird began to sing the song of light and pleasure
To us, who fears to lift looks from the earth,
Who are so lofty, bitter and intense,
About days when we were saved together.

Anna Akhmatova (1889 - 1966)



http://www.poetryloverspage.com/poets/akhmatova/akhmatova_ind.html

¡Olvidémo-los mortos!


I

¡Profanemos do bosque as umbrías!...
E ante estes mudos testigos,
o río, a fonte i os ceos,
que eu rompa os xa vellos vínculos!
Do pasado correron as horas,
só Dios sabe antre que abismos,
¡non tornarán... olvidemos!,
que a recordanza é un martirio.

II

Hai un niño de rosas silvestres
cabo da fonte escondido,
e un prado de herba trebiña
alfombra ó arredor sombriso.
Cal un tempo, rebuldan as brisas,
na fronda cantan os xílgaros,
as margaridas sorrinme,
i oio o marmurar do río.

III

Sin amar, cal é negra esta vida
e perde o sol o seu brilo,
deixa que o sorbo postreiro
beba do celeste viño.
Din que dorme o privado no leito
ancho dos fondos olvidos;
ambos, pois, xuntos bebamos
deste bosque antre os espiños.
IV

¡Que harmonioso na altura resoa
o zoar ronco dos pinos!
Mais maxino que nos miran
Sereos dende o monte arisco.
E parés que trasvexo antre a brétema,
nas vaguedás do infinito,
o perfil triste e emborrado
dos meus ensoños perdidos.
E que adustas me axexan as sombras
tras desos coutos e riscos,
dos meus mortos adorados
e dos meus delores vivos.
¡Mais n'importa! Da antigua devesa
profanemos os retiros...
Séntate ó meu lado e dime,
dime... o que tantas oíron.

V

Es garrido e lanzal i os teus ollos
nos meus coma estrelas fixos,
dormentes, din que o amor neles
pousa o seu dedo divino.
Eu contémprote en tanto serea,
dura coma os seixos fríos,
e do teu corazón conto
os turbulentos latidos.
Faise a asmósfera densa ó redore...¡
Decote o mesmo camiño!
Coma o seu cantar os páxaros,
tes, corazón, o teu ritmo.
Mais de bágoas se inunda o meu rostro,
e da ialma no máis íntimo
o hastío lento penetra
coma espada de dous fíos.
¡Ea!, apártate lonxe... non quero
profanar este retiro,
nin pode o corazón tolo
ser de si mesmo asesino.
Sosegavos, ñas sombras airadas,
que estou morta para os vivos.
¡Sagrado quedaches, bosque!
¡Sin mancha ti, meu esprito!

Rosalía de Castro - "Follas Novas", 1880



segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Sunday Bloody Sunday

Don't ask me,
because I don't know why...

Jurassic 5 - Work It Out

It´s like that...
And that´s the way it is...

Teus Olhos São Tâmaras


Doce gazela,
teus olhos são tâmaras,
teu cabelo um manto feito de noite.

Quantas dunas nos separam?
Quanta a intensidade sentida
nas ondas dos olhares
feitos apenas de ânsias e espantos…

Quantos dias foram, e quantos não?
…… se mais dias vierem, quantos mais serão?

Quanto tempo mais a olhar de longe a linha de água teimosa sobre as areias ardentes?

Quantas promessas de água fresca no curso dos teus lábios?

Da tua boca, esse fino fio longínquo,
ondulando de sorriso em sorriso,
chega um leve sussurro, como o da brisa que apenas pressinto
entre as palmeiras

é breve a tua canção, e suave como o marulhar do Oued Draa
e soa no silêncio do oásis
que é só meu.



Rasheed Suisse

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Ausencia


Habré de levantar la vasta vida
que aún ahora es tu espejo:
cada mañana habré de reconstruirla.
Desde que te alejaste,
cuántos lugares se han tornado vanos
y sin sentido, iguales
a luces en el día.
Tardes que fueron nicho de tu imagen,
músicas en que siempre me aguardabas,
palabras de aquel tiempo,
yo tendré que quebrarlas con mis manos.
¿En qué hondonada esconderé mi alma
para que no vea tu ausencia
que como un sol terrible, sin ocaso,
brilla definitiva y despiadada?
Tu ausencia me rodea
como la cuerda a la garganta,
el mar al que se hunde.
Jorge Luis Borges (1899-1986)

I Hear a River Thro' the Valley Wander


I hear a river thro' the valley wander
Whose water runs, the song alone remaining.
A rainbow stands and summer passes under.

Trumbull Stickney (1874-1904)

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Pearl Jam - Betterman


Waitin', watchin' the clock, it's four o'clock, it's got to stop
Tell him, take no more, she practices her speech
As he opens the door, she rolls over
Pretends to sleep as he looks over
She lies and says she's in love with him, can't find a better man
She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man
Can't find a better man
Can't find a better man
Oh-
Talkin' to herself, there's no one else who needs to know
She tells herself, oh
Memories back when she was bold and strong
And waiting for the world to come along
Swears she knew it, now she swears he's gone
She lies and says she's in love with him, can't find a better man
She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man
She lies and says she still loves him, can't find a better man
She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man
Can't find a better man
Can't find a better man
Yeah-
She loved him, yeah, she don't want to leave this way
She needs him, yeah, that's why she'll be back again
Can't find a better man

The Carol Connelly Effect

CAROL: Melvin, pay me a compliment... I need one and quick... You have no idea how much what you said just hurt my feelings.
MELVIN (really pissed, mutters) : That monominute somebody gets that you need them they threaten to go away. Never fails.
CAROL: That's not a compliment, Melvin...That's just trying to sound smart so I feel stupid... A compliment is something nice about somebody else... Now or never.
MELVIN: Okay. (He waves her down).
CAROL: (sitting) And mean it...
MELVIN: Can we order first?
She thinks and then nods. The waiter is across the room. This does not stop Melvin.
MELVIN (calling) : Two crab dinners and pitcher of cold beer. (to Carol) Baked or fries?
CAROL:Fries.
MELVIN (calling):One baked -- one fries.
STARTLED WAITER (shouting back): I'll tell your waiter.
MELVIN (to Carol): Okay, I got a real great compliment for you and it's true.
CAROL: I am so afraid you're about to say something awful...
MELVIN: Don't be pessimistic. It's not your style. Okay... Here I goes... Clearly a mistake. (this is hell for him) I have this -- what? Ailment... And my doctor -- a shrink... who I used to see all the time... he says 50 or 60 percent of the time a pill can really help. I hate pills. Very dangerous things, pills. "Hate," I am using the word "hate" about pills. My compliment is that when you came to my house that time and told me how you'd never -- well, you were there, you know... The next morning I started taking these pills.
CAROL (a little confused): I don't quite get how that's a compliment for me.
Amazing that something in Melvin rises to the occasion -- so that he uncharacteristically looks at her directly -- then:

MELVIN: You make me want to be a better man.

"As Good As It Gets", 1997

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Em todas as ruas te encontro



Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny (1923-2006)

Coraline


O inevitável termo de comparação é "Alice no País das Maravilhas"... num sombrio universo a fazer lembrar o imaginário de Tim Burton.

"Coraline", nascida em 2002 da pena do prolífico e multifacetado autor britânico Neil Gaiman , ganhou, no ano em que foi escrita, o Bram Stoker Award for Best Work for Young Readers, e, em 2003, os ultra prestigiados Hugo Award for Best Novella, e Nebula Award for Best Novella.

Convenhamos que, para cartão de visita, não está mal...

E isto, a propósito de uma agradável e recente surpresa: está em preparação a adaptação cinematográfica da obra - uma animação que, pela amostra, terá como actores marionetas que trazem à memória Jack Skellington e amigos - com conclusão prevista para 2008.
Ouviremos Dakota Fanning emprestar a voz à protagonista, e a "desesperada" Teri Hatcher no papel de sua mãe.
E no da outra mãe também.

http://www.editpresenca.pt/imprensa_detalhe.asp?id=75&pagina=

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Leonard Cohen - Take This Waltz

PEQUEÑO VALS VIENES
En Viena hay diez muchachas,
un hombro donde solloza la muerte
y un bosque de palomas disecadas.
Hay un fragmento de la mañana
en el museo de la escarcha.
Hay un salón con mil ventanas.
¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals con la boca cerrada.

Este vals, este vals, este vals,
de sí, de muerte y de coñac
que moja su cola en el mar.

Te quiero, te quiero, te quiero,
con la butaca y el libro muerto,
por el melancólico pasillo,
en el oscuro desván del lirio,
en nuestra cama de la luna
y en la danza que sueña la tortuga.
¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals de quebrada cintura.

En Viena hay cuatro espejos
donde juegan tu boca y los ecos.
Hay una muerte para piano
que pinta de azul a los muchachos.
Hay mendigos por los tejados.
Hay frescas guirnaldas de llanto.
¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals que se muere en mis brazos.

Porque te quiero, te quiero, amor mío,
en el desván donde juegan los niños,
soñando viejas luces de Hungría
por los rumores de la tarde tibia,
viendo ovejas y lirios de nieve
por el silencio oscuro de tu frente.
¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals del "Te quiero siempre".

En Viena bailaré contigo
con un disfraz que tenga
cabeza de río.
¡Mira qué orilla tengo de jacintos!
Dejaré mi boca entre tus piernas,
mi alma en fotografías y azucenas,
y en las ondas oscuras de tu andar
quiero, amor mío, amor mío, dejar,
violín y sepulcro, las cintas del vals.






Federico Garcia Lorca

http://users.fulladsl.be/spb1667/cultural/fglorca.html

Voodoo Girl



Her skin is white cloth,
and she's all sewn apart
and she has many colored pins
sticking out of her heart.

...(...)...

But she knows she has a curse on her,
a curse she cannot win.
For if someone gets
too close to her,

the pins stick farther in.


Tim Burton, in "The Melancholy Death of Oyster Boy And Other Stories"


http://www.timburtoncollective.com/oysterboy.html


http://homepage.eircom.net/~sebulbac/burton/home.html



domingo, 18 de fevereiro de 2007

Love Arrived and How Red


Love arrived and how red?
Although it is too late;
The rose has grown in the snow,
O how delightful it does glow!

Love, O love! O love! O love!
How far you sit on the peak above!
My legs, O how they tremble! Behold
My hands, O how wrinkled and old!

...(...)...

Simin Behbehani

http://www.iranchamber.com/literature/sbehbahani/simin_behbahani.php
http://www.caroun.com/Research/Literature-Poems-01/SiminBehbehani.html

ROMANCE SONÁMBULO


Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas le están mirando
y ella no puede mirarlas.
...(...)...

Federico García Lorca
2 de Agosto de 1924

An Irish Airman Foresees His Death




I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above
Those that I fight I do not hate,
Those that I guard I do not love

My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltartan's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.

Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;

I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.

William Butler Yeats

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007


Hoje, e só porque sim - afinal, a melhor razão de todas.... - tempo e espaço para uma modesta homenagem a Stefano_Landi - (1587(?) -1639).

Génio musical do Barroco, foi o autor da mais antiga ópera com um tema histórico: Sant'Alessio (1632)
Não tenho conhecimentos de música, nem tenho qualquer pretensão a crítico amador, pelo que antecipadamente me desculpo pela pobreza dos comentários que se seguem...

Mas, com o duvidoso pergaminho de fã incondicional de Pixies e Nirvana, considero-me acima de qualquer suspeita quando afirmo que este cd - "Homo Fugit Velut Umbra" - encerra uma das mais belas obras musicais que qualquer ouvido minimante sensível pode algum dia ter o privilégio de escutar.

Apenas se me ocorrem conceitos para descrever este verdadeiro tesouro melódico: beleza, harmonia, graciosidade, delicadeza... um verdadeiro bálsamo para a alma...
e a recordação do imenso prazer que foi a surpresa de, pela mão de bons amigos, entrar no Auditório do Ramo Grande, Praia da Vitória, nesse já distante Verão de 2004, e ter o privilégio de - com os meus ouvidos minimamente sensíveis - escutar, ao vivo, Christina Pluhar e L'Arpeggiata


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Love Me Tender...

He loves me a little...


He loves me a lot...

Passionately...


Madly!!!!


not at all................

"Le beau souleil, le jour saint Valentin"




Le beau souleil, le jour saint Valentin,
Qui apportoit sa chandelle alumee,
N'a pas longtemps entra un bien matin
Priveement en ma chambre fermee.

Celle clarté qu'il avoit apportee,
Si m'esveilla du somme de soussy
Ou j'avoye toute la nuit dormy
Sur le dur lit d'ennuieuse pensee.

Ce jour aussi, pour partir leur butin
Les biens d'Amours, faisoient assemblee
Tous les oyseaulx qui, parlans leur latin,
Crioyent fort, demandans la livree

Que Nature leur avoit ordonnee
C'estoit d'un per comme chascun choisy.
Si ne me peu rendormir, pour leur cry,
Sur le dur lit d'ennuieuse pensee.

Lors en moillant de larmes mon coessin
Je regrettay ma dure destinee,
Disant : " Oyseaulx, je vous voy en chemin
De tout plaisir et joye desiree.
Chascun de vous a per qui lui agree,
Et point n'en ay, car Mort, qui m'a trahy,
A prins mon per dont en dueil je languy
Sur le dur lit d'ennuieuse pensee. "

Charles, Duque de Orleães (1394-1465)



e a tradução para Inglês:



terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Le beau souleil, le jour saint Valentin





Le beau souleil, le jour saint Valentin,
Qui apportoit sa chandelle alumee,
N'a pas longtemps entra un bien matin
Priveement en ma chambre fermee.

Celle clarté qu'il avoit apportee,
Si m'esveilla du somme de soussy
Ou j'avoye toute la nuit dormy
Sur le dur lit d'ennuieuse pensee.

Ce jour aussi, pour partir leur butin
Les biens d'Amours, faisoient assemblee
Tous les oyseaulx qui, parlans leur latin,
Crioyent fort, demandans la livree

Que Nature leur avoit ordonnee
C'estoit d'un per comme chascun choisy.
Si ne me peu rendormir, pour leur cry,
Sur le dur lit d'ennuieuse pensee.

Lors en moillant de larmes mon coessin
Je regrettay ma dure destinee,
Disant : " Oyseaulx, je vous voy en chemin
De tout plaisir et joye desiree.
Chascun de vous a per qui lui agree,
Et point n'en ay, car Mort, qui m'a trahy,
A prins mon per dont en dueil je languy
Sur le dur lit d'ennuieuse pensee. "

Charles, Duque de Orleães (1394-1465)



e a tradução para Inglês:



The Daily Show



Este senhor é Jon Stewart, autor, co-produtor e apresentador de um dos melhores programas da actualidade: The Daily Show.

Polémico, crítico, incómodo para os poderes instituídos, Stewart - secundado pela sua inenarrável equipa - consegue não só presentear-nos com gags hilariantes, mas também satirizar de modo inexcedível o momento político que vivemos.

E é isso que o torna único, e o transformou em pouco tempo num verdadeiro opinion-maker - com o dom de, a brincar, dizer verdades muito sérias, de modo fundamentado... e dando a palavra aos que critica.

"The Daily Show", subversivo, agressivo e altamente viciante, muito mais que um circo ou uma fogueira de vaidades, é um espaço bem-humorado de liberdade e informação - numa tv por cabo perto de si.


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

A Scanner Darkly

1 Corintios 13
12 Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido.


1 Korinthierbrevet 13
12 Nu se vi ju på ett dunkelt sätt, såsom i en spegel, men då skola vi se ansikte mot ansikte. Nu är min kunskap ett styckverk, men då skall jag känna till fullo, såsom jag själv har blivit till fullo känd.





http://en.wikipedia.org/wiki/Through_a_Glass_Darkly_(film)

1 Corinthians 13
12 For now we see through a glass, darkly; then we shall see face to face. Now I know in part; then I shall know fully, even as I am fully known.


http://en.wikipedia.org/wiki/A_Scanner_Darkly
http://wip.warnerbros.com/ascannerdarkly/

"What does a scanner see? I mean, really see? Into the head? Down into the heart? Does a passive infrared scanner ... see into me - into us - clearly or darkly? I hope it does see clearly, because I can't any longer these days see into myself. I see only murk. Murk outside; murk inside. I hope, for everyone's sake, the scanners do better. Because if the scanner sees only darkly, the way I myself do, then we are cursed, cursed again and like we have been continually, and we'll wind up dead this way, knowing very little and getting that little fragment wrong too."

Bob Arctor/Fred, in " A Scanner Darkly"- Phillip K. Dick.

http://www.livrosdobrasil.com/livro_detail.php?ART_ID=317

Spleen



Je suis comme le roi d'un pays pluvieux,
Riche, mais impuissant, jeune et pourtant très vieux,
Qui, de ses précepteurs méprisant les courbettes,
S'ennuie avec ses chiens comme avec d'autres bêtes.
Rien ne peut l'égayer, ni gibier, ni faucon,
Ni son peuple mourant en face du balcon.
Du bouffon favori la grotesque ballade
Ne distrait plus le front de ce cruel malade;
Son lit fleurdelisé se transforme en tombeau,
Et les dames d'atour, pour qui tout prince est beau,
Ne savent plus trouver d'impudique toilette
Pour tirer un souris de ce jeune squelette.
Le savant qui lui fait de l'or n'a jamais pu
De son être extirper l'élément corrompu,
Et dans ces bains de sang qui des Romains nous viennent,
Et dont sur leurs vieux jours les puissants se souviennent,
Il n'a su réchauffer ce cadavre hébété
Où coule au lieu de sang l'eau verte du Léthé.


Charles BAUDELAIRE (1821-1867)

ABDICAÇÃO





Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu ceptro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.


Fernando Pessoa, 1913

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Now and Zen...



Tendo adormecido à sombra de uma árvore, um monge taoista sonhou que era uma borboleta , voando alegre e despreocupadamente.

No sonho, perdeu a consciência da sua individualidade como homem: era realmente uma borboleta.

Quando acordou, e recuperou a consciência de si mesmo, pensou " Serei um homem que sonhou ser uma borboleta, ou uma borboleta que sonha agora ser um homem?"

Dispersão - Mário de Sá-Carneiro



PERDI-ME dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).

O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.

A grande ave doirada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.

Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.

Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projecto.

Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.

Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.

Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... mas recordo.

A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)

E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.

Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...

Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas p'ra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...

Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...

Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.

Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço...

.......................................
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba
..........................................

sábado, 10 de fevereiro de 2007

I will love you forever and a day






«Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só»

«Noivado do Sepulcro», Soares dos Passos



A sepultura neolítica, com cerca de 6000 anos, foi encontrada no passado dia 6 por arqueólogos italianos nos arredores de Mântua - por romântica coincidência, o local situa-se a cerca de 40 km de Verona, cenário da peça "Romeu e Julieta", de Shakespeare.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

The Walls That Lie Between Us


Berlim, Alemanha - até Novembro de 1989



Abu Dis, Palestina - actualidade

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Álvaro de Campos



PASSAGEM DAS HORAS

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

(...)

Toda a madrugada é uma colina que oscila,
...................................................................
... e caminha tudo

Para a hora cheia de luz em que as lojas baixam as pálpebras
E rumor tráfego carroça comboio eu sinto sol estruge

(...)

Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...

Carlos Drummond de Andrade


(Ausência)
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.










A bordo do porta-aviões "Abraham Lincoln", o Presidente dos Estados Unidos decreta o fim da estória e o envio do último soldado. Para o Iraque.


Bagdad, Janeiro de 2007
Kirkuk, Janeiro de 2007
Ao longo dos últimos 3 anos, morreram no Iraque mais de 3000 soldados dos EUA.
Numa única semana, morreram 1000 iraquianos.

Após ler o Iraq Study Group's Report, subscrito, entre outros, por James Baker e Lee Hamilton, e que recomenda a retirada gradual do Iraque, assim como o regresso à diplomacia, nomeadamente, ao diálogo com a Síria e Irão, o Presidente dos EUA anuncia que a estória continua, e irá enviar mais 20.000 soldados.
http://www.latimes.com/media/acrobat/2006-12/26779994.pdf

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

"The Lake Isle of Innisfree"




- William Butler Yeats


I WILL arise and go now, and go to Innisfree,
And a small cabin build there, of clay and wattles made;
Nine bean rows will I have there, a hive for the honey bee,
And live alone in the bee-loud glade.

And I shall have some peace there, for peace comes dropping slow,
Dropping from the veils of the morning to where the cricket sings;
There midnight's all a glimmer, and noon a purple glow,
And evening full of the linnet's wings.

I will arise and go now, for always night and day
I hear lake water lapping with low sounds by the shore;
While I stand on the roadway, or on the pavements gray,
I hear it in the deep heart's core.

Obamarama




Prestem atenção a este cavalheiro, Senador eleito pelo Estado do Illinois desde Novembro de 2004.

Brilhante em termos académicos - licenciou-se "magna cum laude" em 1991, na Harvard Law School, onde o seu mérito o levou à presidência da "Harvard Law Review" em 1990 - não parece ser mais um teórico bem-intencionado.

Após rejeitar ofertas de emprego de grandes escritórios de advocacia, Obama dedicou-se aos direitos civis, e leccionou na Universidade de Chicago até ser eleito para o Senado; o seu pouco tempo nesta instituição está já marcado por intensa actividade no campo da fiscalidade, imigração e não-proliferação de armas.

Assumiu publicamente e desde a primeira hora uma posição de crítica incisiva à intervenção militar no Iraque, e não tem papas na língua quando se trata de falar em temas polémicos, desde o consumo de drogas a orientações sexuais.

Entretanto, anunciou à urbe e à orbe a sua intenção de se tornar o primeiro Presidente negro dos EUA, causando um sorriso cínico aos cépticos (como o próprio já perguntou, que hipóteses tem alguém com o nome "Barack Hussein Obama" de sonhar sequer alcançar tal cargo?) , um encolher de ombros aos conformados com os preconceitos reinantes, e um sorriso de esperança a todos quantos esperavam uma lufada de ar fresco no armazém bafiento da política norte-americana.

E, àqueles que preferem atacá-lo com o argumento da sua inexperiência (conta 46 anos de idade), Obama limitou-se a responder algo como :" Bem, Donald Rumsfeld e Dick Cheney têm muita experiência...."


Mais e melhor em:




Mais "Baraka"...



Aqui fica mais um link, este, a propósito do filme "Baraka".
É precioso não só por permitir a identificação dos locais e pessoas retratadas, mas também por referir outros filmes "não verbais" ( achei graça a esta classificação..)


Para quem não conhece o filme, vale pelas fotografias....

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Las Médulas - Paisagem Cultural, Património da Humanidade



Quando um dia pararmos de martirizar a Terra e terraformarmos Marte - eu sei, o trocadilho é fácil, mas não resisti... - talvez o Planeta Vermelho se assemelhe a algo parecido com esta paisagem insólita...


Situado nas imediações de Ponferrada, no Norte de Espanha, este magnífico local é o resultado da acção humana na prospecção do ouro, nos tempos da ocupação Romana.

Ficou a mina a céu aberto - e uns quantos túneis que é possível visitar, equipados a rigor com capacete e lanterna.

A Natureza fez o resto, e sarou com tons de verde a ferida vermelha que o homem cavou no seu dorso.
O resultado está à vista, e nada melhor do que apreciá-lo ao vivo e a cores (ou seja, "in loco", porque de vestígios romanos se trata...)
Entretanto, para quem quiser um aperitivo, eis o link oficial:

"The Hollow Men"



- Thomas Stearns Eliot




I.


We are the hollow men
We are the stuffed men
Leaning together
Headpiece filled with straw. Alas!
Our dried voices, when
We whisper together
Are quiet and meaningless
As wind in dry grass
Or rats' feet over broken glass
In our dry cellar


Shape without form, shade without colour,
Paralysed force, gesture without motion;

Those who have crossed
With direct eyes, to death's other Kingdom
remember us -- if at all -- not as lost
Violent souls, but only
As the hollow men
The stuffed men.

"I used to love him..."

Donald Rumsfeld, Saddam Hussein
Bagdade, 20/12/83


Saddam Hussein
Kadhimyia, Bagdade, 30/12/06

http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB82/

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Baraka


.....e quando nos convencemos que burro velho não aprende línguas, e que dificilmente nos surpreenderemos... ka-pow!!... uma paulada nos queixos...
E um turbilhão no cérebro, provocado pela inundação non-stop de imagens absolutamente incríveis, que espelham de forma inigualável o que a Natureza e a acção do Homem são capazes de produzir - tudo isto emoldurado por uma banda sonora de luxo.
Desde a mais onírica paisagem ao deserto mais árido - e ainda assim belo na sua desolação.. desde a actividade mais despersonalizante ou degradante à mais profunda - ou mesmo bizarra, aos nossos ocidentais olhos - manifestação de espiritualidade....
desde o mais sórdido bairro de lata ao mais magnificente templo...
aqui, e a respeito de uma obra onde cada imagem vale um milhão de palavras, qualquer tentativa de descrição não passará de inglória tentativa...
Por isso, vejam e ouçam a tremenda riqueza de imagens e sons presentes neste incrível filme de.... 1992!
Mais vale tarde do que nunca!
Obrigado Sofia & Cláudio!!!

Mihai Eminescu

Glossă

Vreme trece, vreme vine,
Toate-s vechi şi nouă toate;
Ce e rău şi ce e bine
Tu te-ntreabă şi socoate;
Nu spera şi nu ai teamă,
Ce e val ca valul trece;
De te-ndeamnă, de te cheamă,
Tu rămâi la toate rece.

Terceira apenas no nome, Primeira no Coração



Aqui o Sol acorda e adormece no Mar.

O tempo escorre mais do que corre, a vida cola-se-nos à pele como um beijo dado pela Natureza.
Aqui o meu peito respira melhor.
Aqui os olhos de quem vem para ver são invadidos por ondas de verde ou azul... nas manchas de criptómerias a luz do dia mal entra; os fetos têm metros de altura e o mar, o mar imenso, borbulha de vida e envolve num abraço cálido quem aqui vem para o visitar.
Aqui as ruas respiram História em cada fachada, os monumentos lembram que por aqui passou o ouro e a pimenta, a gente de todos os pontos do Império, e que tempos houve em que Portugal era só aqui, e em mais parte nenhuma..

Mas mais do que tudo isto, aqui encontrei um dia Amizade, e um sítio a que chamei e chamo lar - Ilha Terceira, Açores.