quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Carlos Drummond de Andrade


(Ausência)
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.




3 comentários:

Anónimo disse...

Mas uma tia com estilo, FAXAVOR

scorpia disse...

Essa quadrilha mais parece venezuelana...Já tentaram obter os direitos de autor? Dava para uma novela mais longa que a floribela...se bem que mais melodramática...Quanto à ausência...Como podes dizer que está contigo se ela é minha companheira de quarto? Não tentes enganar-me! Que espelhamento! ;)
B`selama!

Anónimo disse...

«Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor

Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha» :)Chico Buarque