domingo, 29 de junho de 2008

Sting - When We Dance

An Attempt At Jealousy

Woman on a Balcony , 1824 - Carl Gustav Carus

How is it living with another?
Simple isn't it?
A stroke of the oar
And soon even the memory of me

Is left behind with the line of the shore,
A floating island(In the sky, not in the water)!
Spirits, spirits, they will be sisters,
Not lovers to you, ever!

How is your life with an ordinary woman?
Without the divine?
The sovereign is deposed
From her throne (stepped down).

How's your life? Busy?Huddled?
Waking up ... how?
Taxed by the undyingly trivial
How do you cope with it, poor man?

"Hysterics and interruptions--Enough!
I'll rent a place of my own."
How's life with your love,
My chosen one?

Is the food more to your taste? More delicious?
You're to blame if you sicken.
How's your life with a semblance,
You, who have walked on Sinai?

How's your life with a stranger,
In another place? Point blank: Are you in love?
Does not shame, like the reins of Zeus,
Lash your forehead? How is your life? Healthy?

Is it possible? Do you sing: how?
Plagued with an undying conscience,
How do you cope, poor man?
How's your life with the goods

Of the market place?
The rent— is it steep?
After Carrara marble
How is your life with the dust

Of plaster? (God was carved from
A block of stone-- and beaten into sand!)
How is it living with one of a hundred thousand women--
You, who have known Lilith?

Are you sated with the novelty of
The market? Grown cold to magic,
How is it living with an earthly
Woman, one without a sixth Sense?

Are you happy now, in your mind?
No? In a failure without end
How is your life, dear? As difficult
As mine with another man?

Marina Tsvetaeva - 19/11/24

sábado, 28 de junho de 2008

The Offspring - Kick Him When He's Down



Live - Rockpalast 1997

Durmo Ou Não?


Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não

Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.

Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Desperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem… Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?

Fernando Pessoa

domingo, 22 de junho de 2008

Permanência



Não peçam aos poetas um caminho. O poeta

não sabe nada de geografia

celestial. Anda

aos encontrões da realidade

sem acertar o tempo com o espaço.

Os relógios e as fronteiras não têm

tradução na sua língua. Falta-lhes

o amor da convenção em que nas outras

as palavras fingem de certezas.

O poeta lê apenas os sinais

da terra. Seus passos cobrem

apenas distancias de amor e

de presença. Sabe

apenas inúteis palavras de consolo

e mágoa pelo inútil. Conhece

apenas do tempo o já perdido; do amor

a câmara-escura sem revelações; do espaço

o silêncio de um vôo pairando

em toda a parte.



Cego entre as veredas obscuras é ninguém e

nada sabe

— morto redivivo.


Adolfo Casais Monteiro

sábado, 21 de junho de 2008

Enya - Exile

Exílio





Quando a pátria que temos não a temos

Perdida por silêncio e por renúncia

Até a voz do mar se torna exílio

E a luz que nos rodeia é como grades


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 15 de junho de 2008

Interpol - Take You On a Cruise

(Dream)

Qualquer coisa de obscuro permanece
No centro do meu ser. Se me conheço,
É até onde, por fim mal, tropeço
No que de mim em mim de si se esquece.

Aranha absurda que uma teia tece
Feita de solidão e de começo
Fruste, meu ser anónimo confesso
Próprio e em mim mesmo a externa treva desce.

Mas, vinda dos vestígios da distância
Ninguém trouxe ao meu pálio por ter gente
Sob ele, um rasgo de saudade ou ânsia.

Remiu-se o pecador impenitente
À sombra e cisma. Teve a eterna infância,
Em que comigo forma um mesmo ente.
Fernando Pessoa

sábado, 14 de junho de 2008

Amalia Rodrigues - Com Que Voz



(arrepia sim senhora, Mafaldinha! :) )

Perdigão Perdeu a Pena

Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.

Luís Vaz de Camões

domingo, 8 de junho de 2008

A Máscara

Esta luz animada e desprendida

Duma longínqua estrela misteriosa

Que, vindo reflectir-se em nosso rosto,

Acende nele estranha claridade;

Esta lâmpada oculta, em nossa máscara

Tornada transparente e radiante

De alegria, de dor ou desespero

E de outros sentimentos emanados

Do coração dum anjo ou dum demónio;

Este retrato ideal e verdadeiro,

Composto de alma e corpo e de que somos

A trágica moldura, errando à sorte,

E ela, é ela, a nossa aparição,

Feita de estrelas, sombras, ventanias

E séculos sem fim, surgindo, enfim,

Cá fora, sobre a Terra, à luz do Sol.


Teixeira de Pascoaes

We Wear the Mask


We wear the mask that grins and lies,
It hides our cheeks and shades our eyes—
This debt we pay to human guile;
With torn and bleeding hearts we smile,
And mouth with myriad subtleties.

Why should the world be over-wise,
In counting all our tears and sighs?
Nay, let them only see us, while
We wear the mask.

We smile, but, O great Christ, our cries
To thee from tortured souls arise.
We sing, but oh the clay is vile
Beneath our feet, and long the mile;
But let the world dream otherwise,
We wear the mask!


Paul Laurence Dunbar

sábado, 7 de junho de 2008

Yes We Can!

Quem muito viu...

Quem muito viu, sofreu, passou trabalhos,
mágoas, humilhações, tristes surpresas;
e foi traído, e foi roubado, e foi
privado em extremo da justiça justa;

e andou terras e gentes, conheceu
os mundos e submundos; e viveu
dentro de si o amor de ter criado;
quem tudo leu e amou, quem tudo foi -

não sabe nada, nem triunfar lhe cabe
em sorte como a todos os que vivem.
Apenas não viver lhe dava tudo.

Inquieto e franco, altivo e carinhoso,
será sempre sem pátria. E a própria morte,
quando o buscar, há-de encontrá-lo morto.

Jorge de Sena

Johnny Cash - God's Gonna Cut You Down

domingo, 1 de junho de 2008

Mudam-se Os Tempos, Mudam-se As Vontades


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.


Luís Vaz de Camões