sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

L´Etérnité


Enfin ô bonheur, ô raison, j'écartai du ciel l'azur, qui est du noir, et je vécus, étincelle
d'or de la lumière nature. De joie, je prenais une expression bouffonne et égarée au
possible :

Elle est retrouvée !
Quoi ? l'éternité.
C'est la mer mêlée
Au soleil.

Mon âme éternelle,
Observe ton voeu
Malgré la nuit seule
Et le jour en feu.

Donc tu te dégages
Des humains suffrages,
Des communs élans !...
Tu voles selon...

— Jamais l'espérance.
Pas d'orietur.
Science et patience,
Le supplice est sûr.

Plus de lendemain,
Braises de satin,
Votre ardeur
Est le devoir.

Elle est retrouvée !
— Quoi ? — l'Éternité.
C'est la mer mêlée
Au soleil.

Rimbaud - 1874 - "Une Saison en Enfer"

3 comentários:

Maria disse...

homens cegos procuram a visão do amor
onde os dias ergueram esta parede
intransponível

caminham vergados no zumbido dos ventos
com os braços erguidos – cantam

a linha do horizonte é uma lâmina
corta os cabelos dos meteoros – corta
as faces dos homens que espreitam para o palco
nocturno das invisíveis cidades

escorre uma linfa prateada para o coração dos cegos
e o sono atormenta-os com os seus sonhos vazios

adormecem sempre
antes que a cinza dos olhos arda
e se disperse

no fundo do muito longe ouve-se

um lamento escuro
quando a alba se levanta de novo no horto
dos incêndios

prosseguem caminho
com a voz atada por uma corda de lírios
os cegos
são o corpo de um fogo lento – uma sarça
que se acende subitamente por dentro

Horto - Al Berto

Rog disse...

Muito adequado!
Trouxe-me à memória um dos meus favoritos:

http://theamazingmeltingman.blogspot.com/2007/02/hollow-men-thomas-stearns-eliot-1925-i.html

Bom fim de semana!

Maria disse...

:)

É, de facto, todos estes poemas são ondas do mesmo mar.

Não conhecia o poema, mas gostei.
Obrigada!

Um beijinho e bom fim de semana!