terça-feira, 25 de dezembro de 2007
sábado, 22 de dezembro de 2007
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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
You Just Crush Yourself And Walk Away
Lamento do Oficial Por Seu Cavalo Morto
Nós merecemos a morte,
porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
pela nossa cabeça embrulhada em séculos de
[ sombra,
por nosso sangue estranho e instável, pelas
[ ordens
que trazemos por dentro, e ficam sem
[ explicação.
Criamos o fogo, a velocidade, a nova
[ alquimia,
os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que
[ pecados
de ciência, pelo mar, pelas nuvens,
[ nos astros!
Que delírio sem Deus, nossa imaginação!
E aqui morreste! Oh, tua morte é a minha
[ que, enganada,
recebes. Não te queixas. Não pensas. Não
[ sabes. Indigno,
ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração.
Animal encantado — melhor que nós todos! —
[ que tinhas tu com este
[ mundo dos homens?
Aprendias a vida, plácida e pura, e
[ entrelaçada
em carne e sonho, que os teus olhos
[ decifravam...
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos
[ de relinchos...
Como vieste a morrer por um que mata seus
[ irmãos?
porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
pela nossa cabeça embrulhada em séculos de
[ sombra,
por nosso sangue estranho e instável, pelas
[ ordens
que trazemos por dentro, e ficam sem
[ explicação.
Criamos o fogo, a velocidade, a nova
[ alquimia,
os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que
[ pecados
de ciência, pelo mar, pelas nuvens,
[ nos astros!
Que delírio sem Deus, nossa imaginação!
E aqui morreste! Oh, tua morte é a minha
[ que, enganada,
recebes. Não te queixas. Não pensas. Não
[ sabes. Indigno,
ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração.
Animal encantado — melhor que nós todos! —
[ que tinhas tu com este
[ mundo dos homens?
Aprendias a vida, plácida e pura, e
[ entrelaçada
em carne e sonho, que os teus olhos
[ decifravam...
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos
[ de relinchos...
Como vieste a morrer por um que mata seus
[ irmãos?
Cecília Meireles
domingo, 16 de dezembro de 2007
Ilusión
Illusion
sábado, 15 de dezembro de 2007
Queja
Señor, Señor, hace ya tiempo, un día
soñé un amor como jamás pudiera
soñarlo nadie, algún amor que fuera
la vida toda, la poesía.
Y pasaba el invierno y no venía,
y pasaba también la primavera,
y el verano de nuevo persistía,
y el otoño me hallaba con mi espera
Señor, Señor, mi espalda está desnuda:
haz restallar allí, con mano ruda
el látigo que sangra a los perversos
Qué está la tarde ya sobre mi vida,
y a esta pasión ardiente y desmedida
la he perdido, Señor, haciendo versos.
Alfonsina Storni-Argentina - 1892 - 1938.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Like Dolphins
I-I wish you could swim
Like the dolphins-like dolphins can swim
Though nothing-nothing will keep us together
We can beat them-for ever and ever
Oh we can be heroes-just for one day
I-I will be king
And you-you will be queen
Though nothing will drive them away
We can be heroes-just for one day
We can beat them-just for one day
I-I can remember
Standing-by the wall
And the guns-shot above our heads
And we kissed-as though nothing could fall
And the shame-was on the other side
Oh we can beat them-forever and ever
Then we could be heroes-just for one day
We can be heroes
Just for one day
We can be heroes
We're nothing, and nothing will help us
Maybe we're lying, then you better not stay
But we could be safer, just for one day
Oh, oh, oh, ohhh-oh, oh, oh, ohhh, just for one day
Oh, just for one day
David Bowie - "Heroes"
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
O Fim no Começo
A palavra cortada
na primeira sílaba.
A consoante esvanecida
sem que a língua atingisse o alvéolo.
O que jamais se esqueceria
pois nem principiou a ser lembrado.
O campo – havia, havia um campo?
irremediavelmente murcho em sombra
antes de imaginar-se a figura
de um campo.
A vida não chega a ser breve.
na primeira sílaba.
A consoante esvanecida
sem que a língua atingisse o alvéolo.
O que jamais se esqueceria
pois nem principiou a ser lembrado.
O campo – havia, havia um campo?
irremediavelmente murcho em sombra
antes de imaginar-se a figura
de um campo.
A vida não chega a ser breve.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Serradura
A minha vida sentou-se
E não há quem a levante,
Que desde o Poente ao Levante
A minha vida fartou-se.
*
E ei-la, a mona, lá está,
Estendida, a perna traçada,
No infindável sofá
Da minha Alma estofada.
*
Pois é assim: a minha Alma
Outrora a sonhar de Rússias,
Espapaçou-se de calma,
E hoje sonha só pelúcias.
*
Vai aos Cafés, pede um bock,
Lê o "Matin" de castigo,
E não há nenhum remoque
Que a regresse ao Oiro antigo:
*
Dentro de mim é um fardo
Que não pesa, mas que maça:
O zumbido dum moscardo,
Ou comichão que não passa.
*
Folhetim da "Capital"
Pelo nosso Júlio Dantas ---
Ou qualquer coisa entre tantas
Duma antipatia igual...
*
O raio já bebe vinho,
Coisa que nunca fazia,
E fuma o seu cigarrinho
Em plena burocracia!...
*
Qualquer dia, pela certa,
Quando eu mal me precate,
É capaz dum disparate,
Se encontra a porta aberta...
*
Isto assim não pode ser...
Mas como achar um remédio?
--- Pra acabar este intermédio
Lembrei-me de endoidecer:
*
O que era fácil --- partindo
Os móveis do meu hotel,
Ou para a rua saindo
De barrete de papel
*
A gritar "Viva a Alemanha"...
Mas a minha Alma, em verdade,
Não merece tal façanha,
Tal prova de lealdade...
*
Vou deixá-la --- decidido ---
No lavabo dum Café,
Como um anel esquecido.
É um fim mais raffiné.
Mário de Sá-Carneiro
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Sea Fever
I must go down to the seas again, to the lonely sea and the sky,
And all I ask is a tall ship and a star to steer her by,
And the wheel's kick and the wind's song and the white sail's shaking,
And a gray mist on the sea's face, and a gray dawn breaking.
I must go down to the seas again, for the call of the running tide
Is a wild call and a clear call that may not be denied;
And all I ask is a windy day with the white clouds flying,
And the flung spray and the blown spume, and the sea-gulls crying.
I must go down to the seas again, to the vagrant gypsy life,
To the gull's way and the whale's way, where the wind's like a whetted knife;
And all I ask is a merry yarn from a laughing fellow-rover,
And quiet sleep and a sweet dream when the long trick's over.
And all I ask is a tall ship and a star to steer her by,
And the wheel's kick and the wind's song and the white sail's shaking,
And a gray mist on the sea's face, and a gray dawn breaking.
I must go down to the seas again, for the call of the running tide
Is a wild call and a clear call that may not be denied;
And all I ask is a windy day with the white clouds flying,
And the flung spray and the blown spume, and the sea-gulls crying.
I must go down to the seas again, to the vagrant gypsy life,
To the gull's way and the whale's way, where the wind's like a whetted knife;
And all I ask is a merry yarn from a laughing fellow-rover,
And quiet sleep and a sweet dream when the long trick's over.
John Masefield
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
domingo, 9 de dezembro de 2007
Pastor
Na noite do Sertão,
a vastidão das ondas do vento
— essas plagas sempre foram mar —
invade e inunda o que há,
com fúria maior que a das águas.
A voz das ondas do vento,
com seus passos sem rastros,
deixa marcas indeléveis
e açoita as dores
— esses cavalos xucros —
que disparam no íntimo do vivente
como numa Tróia às avessas.
E quando as chamas começam a afogar,
os olhos estendem-se aos céus,
mira-se a lavoura necessária:
uma roça de estrelas.
Aqueles olhos se ovelham
e o sono é sereno.
a vastidão das ondas do vento
— essas plagas sempre foram mar —
invade e inunda o que há,
com fúria maior que a das águas.
A voz das ondas do vento,
com seus passos sem rastros,
deixa marcas indeléveis
e açoita as dores
— esses cavalos xucros —
que disparam no íntimo do vivente
como numa Tróia às avessas.
E quando as chamas começam a afogar,
os olhos estendem-se aos céus,
mira-se a lavoura necessária:
uma roça de estrelas.
Aqueles olhos se ovelham
e o sono é sereno.
José Inácio Vieira de Melo
Como a Noite Descesse...
Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e
[ desesperado diante dos horizontes
[ que se fechavam,
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível
[ Aurora! e vi logo que só as estrelas
[ é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado
[ desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
— É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
— Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
— Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
[ desesperado diante dos horizontes
[ que se fechavam,
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível
[ Aurora! e vi logo que só as estrelas
[ é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado
[ desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
— É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
— Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
— Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
Emílio Moura
sábado, 8 de dezembro de 2007
Gota De Água
Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.
António Gedeão
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Ladainha dos póstumos Natais
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Stray Birds
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