segunda-feira, 6 de julho de 2009

Diálogo Comigo











Falo comigo, falo.
Mas só me escuto quando,
em silêncio pensando,
me calo.


O que diz minha boca?
Mentira vã, sonora?
Tudo o que digo agora,
sufoca.


Ânsia íntima, larga,
de seguir só e mudo.
Tudo o que conto, tudo
amarga.


Minha voz de ontem brota
de um legendário hoje.
Subitamente foge,
ignota.


Quem serei? Desconheço.
Se chegar a sabê-lo,
a ninguém o revelo:
esqueço.


João Manuel Simões

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