domingo, 20 de setembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
O Dinheiro
O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça, o maldito,
Tem tanto chiste, o ladrão!
O falar, fala de um modo...
Todo ele, aquele todo...
E elas acham-no tão guapo!
Velhinha ou moça que veja,
Por mais esquiva que seja,
Papo.
E a cegueira da justiça
Como ele a tira num ai!
Sem lhe tocar com a pinça;
E só dizer-lhe: «Aí vai...»
Operação melindrosa,
Que não é lá qualquer coisa;
Catarata, tome conta!
Pois não faz mais do que isto,
Diz-me um juiz que o tem visto:
Pronta.
Nessas espécies de exames
Que a gente faz em rapaz,
São milagres aos enxames
O que aquele demo faz!
Sem saber nem patavina
De gramática latina,
Quer-se um rapaz dali fora?
Vai ele com tais falinhas,
Tais gaifonas, tais coisinhas...
Ora...
Aquela fisionomia
É lábia que o demo tem!
Mas numa secretaria
Aí é que é vê-lo bem!
Quando ele de grande gala,
Entra o ministro na sala,
Aproveita a ocasião:
«Conhece este amigo antigo?»
— Oh, meu tão antigo amigo!
Pois não!
Pensamento da Semana
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Caravelas
Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.
Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!
Se eu sempre fui assim este Mar-Morto,
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram.
Caravelas doiradas a bailar...
Ai, quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!...
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Nirvana - Sappy
And if you save yourself
You will make him happy
He'll keep you in a jar
And you'll think you're happy
He'll give you breathing holes
Then you'll think you're happy
He'll cover you with grass
And you'll think you're happy
Now
You're in a laundry room,
You're in a laundry room
Conclusion came to you, oh
And if you cut yourself
You will think you're happy
He'll keep you in a jar
Then you'll make him happy
He'll give you breathing holes
Then you'll think you're happy
He'll cover you with grass
Then you'll think you're happy
Now
You're in a laundry room,
You're in a laundry room
Conclusion came to you, oh
Conclusion came to you, oh
And if you fool yourself
You will make him happy
He'll keep you in a jar
And you'll think you're happy
He'll give you breathing holes
Then you will seem happy
You'll wallow in your shit
Then you'll think you're happy
Now
You're in a laundry room
You're in a laundry room
You're in a laundry room
Conclusion came to you, oh
The Day Is Done
The day is done, and the darkness
Falls from the wings of night,
As a feather is wafted downward
From an eagle in his flight.
I see the lights of the village
Gleam through the rain and the mist,
And a feeling of sadness comes o'er me
That my soul cannot resist:
A feeling of sadness and longing,
That is not akin to pain,
And resembles sorrow only
As the mist resembles the rain.
Come, read to me some poem,
Some simple and heartfelt lay,
That shall soothe this restless feeling,
And banish the thoughts of day.
Not from the grand old masters,
Not from the bards sublime,
Whose distant footsteps echo
Through the corridors of Time.
For, like strains of martial music,
Their mighty thoughts suggest
Life's endless toil and endeavor;
And to-night I long for rest.
Read from some humbler poet,
Whose songs gushed from his heart,
As showers from the clouds of summer,
Or tears from the eyelids start;
Who, through long days of labor,
And nights devoid of ease,
Still heard in his soul the music
Of wonderful melodies.
Such songs have power to quiet.
The restless pulse of care,
And come like the benediction
That follows after prayer.
Then read from the treasured volume
The poem of thy choice,
And lend to the rhyme of the poet
The beauty of thy voice.
And the night shall be filled with music
And the cares, that infest the day,
Shall fold their tents, like the Arabs,
And as silently steal away.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Happiness In Slavery - Nine Inch Nails
slave screams he thinks he knows what he wants
slave screams thinks he has something to say
slave screams he hears but doesn't want to listen
slave screams he's being beat into submission
don't open your eyes you won't like what you see
the devils of truth steal the souls of the free
don't open your eyes take it from me
I have found
you can find
happiness in slavery
slave screams he spends his life learning conformity
slave screams he claims he has his own identity
slave screams he's going to cause the system to fall
slave screams but he's glad to be chained to that wall
don't open your eyes you won't like what you see
the blind have been blessed with security
don't open your eyes take it from me
I have found
you can find
happiness in slavery
I don't know what I am I don't know where I've been
human junk just words and so much skin
stick my hands through the cage of this endless routine
just some flesh caught in this big broken machine
Happiness
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Eu e Tu
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia,
Aspiram a formar um todo, — em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia...
Como a onda e o vento, a Lua e a noite, o orvalho
Cheio de ti, meu ser de eflúvios impregnou-te!
Como o lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
— Nós dois, de amor enchendo a noite do degredo,
Como partes dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu, pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu fosses a chama...
domingo, 13 de setembro de 2009
Pornografia
Não há qualquer outro género que resista a comparações.
Aqui, não há duplos, nem para as cenas mais perigosas - p. ex., que põem em risco a coluna, a zona dos rins, ou mesmo a bacia e várias articulações.
Aqui, em vez do tradicional aviso "não tentem fazer isto em casa", adivinha-se nos sorrisinhos dos artistas um "tentem lá... se forem capazes...".
O que não só revela uma altruísta atitude pedagógica, mas poderá ter incomensuráveis benefícios para a saúde: não sou eu quem o diz, mas antes, cientistas de nomeada, como podem comprovar neste link: Pela sua saúde
Face a isto, que dizer de um ou uma profissional que cumpre o seu papel - está bem que uns serão mais cumpridos, e outros menos, mas "é a vida" - e falo, perdão, fá-lo não só com dedicação, mas com outros atributos que se não exigem aos actores ditos "mainstream", a saber, elasticidade e cadência, para citar apenas os mais evidentes?
Estes actores e actrizes dão de facto o corpo ao manifesto, e têm que ganhar a vida com o suor, não só do rosto, mas do corpinho todo, mesmo das suas partes mais recônditas e por vezes insuspeitas. E não só com suor, mas também com outros líquidos, o que com toda a certeza potencia os riscos de desidratação.
Qual bungee-jumping, qual queda livre...
É da mais elementar justiça chamar a atenção para esta profissão que, mais do que a de atleta de alta competição, é de desgaste ultra-rápido: é a esta rapaziada que se aplica o dito popular "estes é que a levam direita". Porque senão, desemprego.
Por outro lado, é inevitável constatar a superioridade do filme pornográfico sobre qualquer outro tipo de filme: pode ser enquadrado em qualquer sub-género - histórico, sci-fi, western, ou mesmo de artes marciais (vulgo, de "kung fu", o que aliás permite reorganizar livremente vogais e consoantes) - e, ao contrário das fitas tradicionais, tem, não um, ou mesmo dois, mas antes, uma miríade de finais felizes: saem todos satisfeitos, mesmo os maus e as más da fita.
E mesmo estes, para poderem participar, têm que ser bem bons e bem boas: ninguém quer ver gente feia, malfeitinha e gorda tal como veio ao Mundo - o que nos leva a outro item, a saber, a poupança no guarda-roupa.
Só vantagens.
Finalmente, chamo também a atenção para o facto de não existir tipo de filme mais democrático: pode-se entrar (?) a meio que não se perde o fio à meada pois os, digamos, diálogos, são acessíveis a todos os escalões culturais: "boa tarde vizinha, acabou-se-me o açucar, tem?" "claro que sim, não se vê?" (tunga!) ou ""boa tarde vizinha, acabou-se-me o açucar, tem?"(tunga!) ou ""boa tarde vizinha" (tunga) ou ainda, o clássico: (tunga!)
Não são precisas legendas, nem é necessário saber idiomas estrangeiros: é perfeitamente possível compreender a intrincada trama de um "porno" filmado na Mongólia com actores locais, na versão original.
Será porventura mais difícil de perceber se for "Made In Portugal".
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
La Fuite De La Lune
To outer senses there is peace,
A dreamy peace on either hand
Deep silence in the shadowy land,
Deep silence where the shadows cease.
Save for a cry that echoes shrill
From some lone bird disconsolate;
A corncrake calling to its mate;
The answer from the misty hill.
And suddenly the moon withdraws
Her sickle from the lightening skies,
And to her sombre cavern flies,
Wrapped in a veil of yellow gauze.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Romance de la Luna, Luna
con su polisón de nardos.
El niño la mira, mira.
El niño la está mirando.
En el aire conmovido
mueve la luna sus brazos
y enseña, lúbrica y pura,
sus senos de duro estaño.
Huye luna, luna, luna.
Si vinieran los gitanos,
harían con tu corazón
collares y anillos blancos.
Niño, déjame que baile.
Cuando vengan los gitanos,
te encontrarán sobre el yunque
con los ojillos cerrados.
Huye luna, luna, luna,
que ya siento sus caballos.
Niño, déjame, no pises
mi blancor almidonado.
El jinete se acercaba
tocando el tambor del llano.
Dentro de la fragua el niño,
tiene los ojos cerrados.
Por el olivar venían,
bronce y sueño, los gitanos.
Las cabezas levantadas
y los ojos entornados.
Cómo canta la zumaya,
¡ay, cómo canta en el árbol!
Por el cielo va la luna
con un niño de la mano.
Dentro de la fragua lloran,
dando gritos, los gitanos.
El aire la vela, vela.
El aire la está velando.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Moonlight
As a pale phantom with a lamp
Ascends some ruined haunted stair,
So glides the moon along the damp
Mysterious chambers of the air.
Now hidden in cloud, and now revealed,
As if this phantom, full of pain,
Were by the crumbling walls concealed,
And at the windows seen again.
Until at last, serene and proud
In all the splendour of her light,
She walks the terraces of cloud,
Supreme as Empress of the Night.
I look, but recognize no more
Objects familiar to my view;
The very pathway to my door
Is an enchanted avenue.
All things are changed. One mass of shade,
The elm-trees drop their curtains down;
By palace, park, and colonnade
I walk as in a foreign town.
The very ground beneath my feet
Is clothed with a diviner air;
White marble paves the silent street
And glimmers in the empty square.
Illusion! Underneath there lies
The common life of everyday;
Only the spirit glorifies
With its own tints the sober grey.
In vain we look, in vain uplift
Our eyes to heaven, if we are blind;
We see but what we have the gift
Of seeing; what we bring we find.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Clair de Lune
Votre âme est un paysage choisi
Que vont charmant masques et bergamasques
Jouant du luth et dansant et quasi
Tristes sous leurs déguisements fantasques.
Tout en chantant sur le mode mineur
L'amour vainqueur et la vie opportune
Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur
Et leur chanson se mêle au clair de lune,
Au calme clair de lune triste et beau,
Qui fait rêver les oiseaux dans les arbres
Et sangloter d'extase les jets d'eau,
Les grands jets d'eau sveltes parmi les marbres.
domingo, 6 de setembro de 2009
Sidney Reilly
Foi portanto com grande satisfação que a adquiri e revi.
Cognominado "Às dos Espiões", Sidney Reilly - nascido Georgi Rosemblum - iniciou a era da espionagem moderna. Inteligente e culto, cínico e apaixonado, revolucionou toda a atitude dos serviços secretos britânicos com o seu profissionalismo desapiedado, movendo-se com o maior dos à-vontades entre a França, a Rússia Czarista, e o Império Alemão - falava fluentemente sete idiomas, incluindo o russo, sua língua materna - e mais tarde, embrenhando-se nos meandros da Revolução Bolchevista.
O seu exemplo terá inspirado Ian Fleming a criar James Bond.
Neste excelente série - com a chancela da Thames - é retratado por um jovem Sam Neill, secundado por alguns óptimos actores que viriam a dar que falar nas décadas seguintes.
Paradoxalmente - dado tratar-se de uma série de época, passada entre finais do sec. XIX e o primeiro quartel do sec. XX - é como que uma lufada de ar fresco retroactiva.... em relação a toda a parafernália de efeitos especiais a que Hollywood nos vem habituando.
Em suma, diversão pura, aliada a alguma pedagogia, atento o rigor histórico que acompanha o romance...
e convenhamos que ouvir um pouco de Inglês tal como então se falava nas terras de Sua Majestade é sempre um agradável exercício auditivo...
An Irish Airman Foresees His Death
I know that I shall meet my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that I fight I do not hate,
Those that I guard I do not love;
My country is Kiltartan Cross,
My countrymen Kiltartan's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade me fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.
sábado, 5 de setembro de 2009
Las Cosas Que Deseamos
Las cosas que deseamos
tarda o nunca las habemos,
y las que menos queremos
más presto las alcanzamos.
Porque fortuna desvía
aquello que nos aplace,
mas lo que pesar nos hace
ella mesma nos lo guía:
así por lo que penamos
alcanzar no lo podemos,
y lo que menos queremos
muy más presto lo alcanzamos.
(1469?-1529?)
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Bilhete
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Dreams
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
I Know Why the Caged Bird Sings
The free bird leaps
on the back of the win
and floats downstream
till the current ends
and dips his wings
in the orange sun rays
and dares to claim the sky.
But a bird that stalks
down his narrow cage
can seldom see through
his bars of rage
his wings are clipped and
his feet are tied
so he opens his throat to sing.
The caged bird sings
with fearful trill
of the things unknown
but longed for still
and is tune is heard
on the distant hillfor the caged bird
sings of freedom
The free bird thinks of another breeze
an the trade winds soft through the sighing trees
and the fat worms waiting on a dawn-bright lawn
and he names the sky his own.
But a caged bird stands on the grave of dreams
his shadow shouts on a nightmare scream
his wings are clipped and his feet are tied
so he opens his throat to sing
The caged bird sings
with a fearful trill
of things unknown
but longed for still
and his tune is heard
on the distant hill
for the caged bird
sings of freedom.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
B-Side
"If you can imagine a work that fuses the collective memory of an area with that of the authors’, and then renders it on film in all it’s wandering yet richly detailed glory, you can conceive of the accomplishment that is known as Heimat. Drawing not only from his memories growing up in the region, but also from interviewing and conversing with hundreds of people from the Hunsruck region, Edgar Reitz created this cinematic version of oral history. Though the 52 ½ hour Heimat trilogy is fictional, Reitz’s cinenovel is far more true to life than at least 99% of the stuff that passes as docudramas or “based on a true story”. A dense multilayered text covering all facets of life from many angles, Reitz’s aim is to tell compelling stories that realistically observe mankind without judging them. Thus his study of life, which is never sentimental or ideological, helps free us from the stereotypical misconceptions about German citizens while providing an alternative to the tired accounts that dominate our perception of the past.
Dismayed by a typically oversimplified good vs. evil American holocaust film becoming an event when broadcast on West German television, Reitz created Heimat as his riposte. His television series breaks down the limiting depictions of history that revolve around the megalomaniacs and focus on black and white issues, persecutors and persecuted, aggressors and defenders. The history of Hitler’s Germany is perhaps accurate of Hitler and his closest minions, but even the most notorious madman doesn’t define the whole of his country, much less his era. Most people are more concerned with their own family, work, love life, things they have more direct influence and control over. These stories may be less important, but they are far from meaningless. Ruthless heartless dictators are a dime a dozen, but how people lived is somewhat different in every decade."
O texto é de Mike Lorefice.
Se despertou interesse, o resto está aqui: Heimat - Eine Deutsche Chronik
The Dark Side of The Force
Mini-série. Um contributo precioso para a compreensão de como foi possível construir o "Herrenvolk".
70
Em 1 de Setembro de 1939, as tropas do III Reich invadiam a Polónia.
Será que algo mudou desde então? Basta ligar a tv para concluir que não.
Bem, talvez a escala da monstruosidade.