quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mas Eu


























Mas eu, em cuja alma se reflectem  
    As forças todas do universo, 
    Em cuja reflexão emotiva e sacudida 
    Minuto a minuto, emoção a emoção, 
    Coisas antagónicas e absurdas se sucedem — 
    Eu o foco inútil de todas as realidades, 
    Eu o fantasma nascido de todas as sensações, 
    Eu o abstracto, eu o projectado no écran, 
    Eu a mulher legítima e triste do Conjunto 
    Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.

 Álvaro de Campos

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