terça-feira, 20 de maio de 2008

Viagem


Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...

(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).

Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.


Miguel Torga

1 comentário:

Anónimo disse...

"Cá estou eu, a julgar que vou remando…

Cá vai Deus a remar
e eu a ser um remo com que Deus
rasga caminhos pelo Mar…"

DIÁRIO DE BORDO - Sebastião da Gama

Belíssimo!!