sábado, 13 de setembro de 2008

Retrato Para Ser Visto De Longe


Sou um ser, o outro é metade
que não sabe de onde veio.
Sou treva, sou claridade.
Solidão partida ao meio
e entre os dois a eternidade.

Sei quem sou, não me conheço.
Parado, estou sempre indo
para um país sem regresso.
Sou fonte e estou me esvaindo,
fluir sem fim nem começo.

Coração partido ao meio,
pulsando em cada metade.
O lirismo do espantalho
a espuma do devaneio.
Entre os dois a eternidade.


Francisco Carvalho

1 comentário:

Anónimo disse...

Belo retrato para ser visto de longe. Assim como todos nós que acabamos por nunca nos conhecermos...O coração vai pulsando pelos dias. Nem sempre parece mas sim.