(Improviso)
– Quando soube de ti,
já eras morto;
nem nunca tive em mim palavra tua
que não me fora dada
de outra boca;
vives em mim como os
santos sobre as abóbadas de ouro
nestes antigos templos,
onde o amor é demais para tão
simples lembrança
ou mera construção de fantasia,
mas reconheço em mim a trajetória secular,
a herança de honra e sangue, traçada muito antes desta ausência
mesmo sem nunca ter te visitado
os ossos,
ou
o teu rosto
nos retratos.
Silvério Duque,
"OS BENS DE SANGUE, HEREDITARIEDADE E OUTROS ATAVISMOS:
UMA ELEGIA EM BUSCA DO TÚMULO
DE MEU PAI,
AMARÍLIO DE SOUZA DUQUE."
UMA ELEGIA EM BUSCA DO TÚMULO
DE MEU PAI,
AMARÍLIO DE SOUZA DUQUE."
2 comentários:
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Um belo post e, não menos belo, comentário!!
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