A luz real ergueu-se a oriente com a coroa de fogo na cabeça: e o nosso olhar, vassalo obediente, ajoelha ante a visão que recomeça. Enquanto sobe, Sua Majestade, a colina do céu a passos de oiro, adoramos-lhe a adulta mocidade que fulge com as chamas dum tesoiro. Mas quando o carro fatigado alcança o cume e se despenha pela tarde, desviamos os olhos já sem esperança: no crepúsculo estéril nada arde. Assim tu, meio dia ainda ardente, sem um filho te apagarás no poente.
1 comentário:
Sem um Filho te Apagarás no Poente
A luz real ergueu-se a oriente
com a coroa de fogo na cabeça:
e o nosso olhar, vassalo obediente,
ajoelha ante a visão que recomeça.
Enquanto sobe, Sua Majestade,
a colina do céu a passos de oiro,
adoramos-lhe a adulta mocidade
que fulge com as chamas dum tesoiro.
Mas quando o carro fatigado alcança
o cume e se despenha pela tarde,
desviamos os olhos já sem esperança:
no crepúsculo estéril nada arde.
Assim tu, meio dia ainda ardente,
sem um filho te apagarás no poente.
William Shakespeare, in "Sonetos"
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