quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dos Ventos


- A JANELA


OS VENTOS

Não há, nos ventos,
a liberdade da morte,
embora sejam implacáveis e
jamais perdoem as folhas secas.


Todos os ventos têm nome
mas não se conhece nenhum
de perto, embora
se agarrem a você
e desorganizem a harmonia.


Os ventos não têm forma
mas sabemos todas as suas aspirações
e os seus amores com o mar e as árvores.


Os ventos não têm a liberdade da morte
diluídos na essência
do que nunca aconteceu.

Ashford Castle, Irlanda, Julho 92
Álvaro Pacheco


1 comentário:

Ana disse...

O VALOR DO VENTO

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto.

Ruy Belo, in "Todos os poemas"