segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quinto - Nevoeiro



Nem rei nem lei, nem paz, nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo o encerra.

Ninguem sabe que coisa quer.
Ninguem conhece que alma tem,
Nem o que é mal, nem o que é bem.

(Que ancia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Valete, Fratres.

Fernando Pessoa, in "Mensagem"

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