sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tudo o Que Sou Não é Mais do Que Abismo

















Tudo o que sou não é mais do que abismo
Em que uma vaga luz
Com que sei que sou eu, e nisto cismo,
Obscura me conduz.

Um intervalo entre não-ser e ser
Feito de eu ter lugar
Como o pó, que se vê o vento erguer,
Vive de ele o mostrar.

Fernando Pessoa

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