domingo, 31 de janeiro de 2010

Scorpions - Deep & Dark




(told you... didn´t I..?)

Se não aconteceu, podia ter acontecido.


Câmara Municipal do Barreiro declara luto de 3 dias pelo fim dos Scorpions.

O anunciado fim dos Scorpions, ao fim de 45 anos de actividade, lançou os habitantes da Margem Sul numa onda de depressão como não se via desde a morte do escritor Soeiro Pereira Gomes. A Câmara Municipal do Seixal mandou colocar a bandeira municipal a meia haste durante três dias, enquanto a Câmara Municipal de Almada mandou erigir uma estátua do vocalista, Klaus Meine, no centro da cidade, enquanto o Barreiro decidiu baptizar uma das principais vias da cidade de Avenida Still Loving You. De referir que os Scorpions foram fundados em 1965 pelo alemão Rudolf Hess, que ainda não estava satisfeito com todo o mal que fizera à Humanidade.


Por Vítor Elias, in "Inimigo Público"

cfr. http://inimigo.publico.pt/noticia.aspx?id=1420557

domingo, 24 de janeiro de 2010

Radiohead - No Surprises



A heart that's full up like a landfill,
a job that slowly kills you,
bruises that won't heal.
You look so tired-unhappy,
bring down the government,
they don't, they don't speak for us.
I'll take a quiet life,
a handshake of carbon monoxide,

with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
Silence, silence.

This is my final fit,
my final bellyache

with no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises,
no alarms and no surprises please.

Such a pretty house
and such a pretty garden.

No alarms and no surprises (get me outta here),
no alarms and no surprises (get me outta here),
no alarms and no surprises, please.

O Fidalgo

O primeiro intrelocutor é um Fidalgo que chega com um Pajem, que lhe leva um rabo[1] mui comprido e űa cadeira de espaldas. E começa o Arrais do Inferno ante que o Fidalgo venha.

Diabo
À barca, à barca, houlá!
Que temos gentil maré!
- Ora venha o caro a ré[2]!

Companheiro
Feito, feito!

Dia.

Bem está!


Vai tu muitieramá[3],
atesa aquele palanco[4]
e despeja[5] aquele banco,
pera a gente que virá.

À barca, à barca, hu-u!
Asinha[6], que se quer ir!
Oh, que tempo de partir,
louvores a Berzebu!
- Ora, sus[7]! que fazes tu?
Despeja todo esse leito!

Comp.
Em boa hora! Feito, feito!

Dia.
Abaixa aramá esse cu[8]!
Faze aquela poja[9] lesta[10]
e alija aquela driça.

Comp.
Oh-oh, caça[11]! Oh-oh, iça, iça[12]!

Dia.
Oh, que caravela esta!
Põe bandeiras, que é festa.
Verga alta! Âncora a pique!
- Ó poderoso dom Anrique,
cá vindes vós?... Que cousa é esta?...

Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz:
Esta barca onde vai ora,
que assi está apercebida[13]?

Dia.
Vai pera a ilha perdida,
e há-de partir logo ess'ora.

Fid.
Pera lá vai a senhora?

Dia.
Senhor, a vosso serviço.

Fid.
Parece-me isso cortiço...

Dia.
Porque a vedes lá de fora.

Fid.
Porém, a que terra passais?

Dia.
Pera o inferno, senhor.

Fid.
Terra é bem sem-sabor.

Dia.
Quê?... E também cá zombais?

Fid.
E passageiros achais
pera tal habitação?

Dia.
Vejo-vos eu em feição
pera ir ao nosso cais...

Fid.
Parece-te a ti assi!...

Dia.
Em que esperas ter guarida[14]?

Fid.
Que leixo na outra vida
quem reze sempre por mi.

Dia.
Quem reze sempre por ti?!...
Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!...
E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer[15]
por que rezam lá por ti?!...

Embarca! Hou! Embarcai!
que haveis de ir à derradeira!
Mandai meter a cadeira,
que assi passou vosso pai.

Fid.
Quê? Quê? Quê? Assi lhe vai?!

Dia.
Vai ou vem! Embarcai prestes!
Segundo lá escolhestes,
assi cá vos contentai.

Pois que já a morte passastes,
haveis de passar o rio.

Fid.
Não há aqui outro navio?

Dia.
Não, senhor, que este fretastes,
e primeiro que expirastes
me destes logo sinal.

Fid.
Que sinal foi esse tal?

Dia.
Do que vós vos contentastes.

Fid.
A estoutra barca me vou.

Hou da barca! Para onde is?
Ah, barqueiros! Não me ouvis?
Respondei-me! Houlá! Hou!...
(Pardeus, aviado estou[16]!
Cant'a[17] isto é já pior...)
Que jericocins, salvanor[18]!
Cuidam cá que são eu grou?

Anjo
Que quereis?

Fid.

Que me digais,

pois parti tão sem aviso,
se a barca do Paraíso
é esta em que navegais.

Anj.
Esta é; que demandais?

Fid.
Que me leixeis embarcar.
Sou fidalgo de solar[19],
é bem que me recolhais.

Anj.
Não se embarca tirania
neste batel divinal.

Fid.
Não sei porque haveis por mal
que entre a minha senhoria...

Anj.
Pera vossa fantesia[20]
mui estreita é esta barca.

Fid.
Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia?

Venha a prancha e atavio!
Levai-me desta ribeira!

Anj.
Não vindes vós de maneira
pera entrar neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.

Vós ireis lá mais espaçoso,
com fumosa[21] senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso.
E porque, de generoso[22],
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso.

Dia.
À barca, à barca, senhores!
Oh! que maré tão de prata!
Um ventozinho que mata
e valentes remadores!

Diz, cantando:
Vós me veniredes a la mano,
a la mano me veniredes[23].

Fid.
Ao Inferno, todavia!
Inferno há i pera mi?
Oh triste! Enquanto vivi
não cuidei que o i havia:
Tive que era fantesia!
Folgava[24] ser adorado,
confiei em meu estado[25]
e não vi que me perdia.

Venha essa prancha! Veremos
esta barca de tristura.

Dia.
Embarque vossa doçura,
que cá nos entenderemos...
Tomarês um par de remos,
veremos como remais,
e, chegando ao nosso cais,
todos bem vos serviremos.

Fid.
Esperar-me-ês vós aqui,
tornarei à outra vida
ver minha dama querida
que se quer matar por mi.

Dia.
Que se quer matar por ti?!...

Fid.
Isto bem certo o sei eu.

Dia.
Ó namorado sandeu,
o maior que nunca vi!...

Fid.
Como pod'rá isso ser,
que m'escrevia mil dias?

Dia.
Quantas mentiras que lias,
e tu... morto de prazer!...

Fid.
Pera que é escarnecer,
quem nom havia mais no bem[26]?

Dia.
Assi vivas tu, amém,
como te tinha querer!

Fid.
Isto quanto ao que eu conheço...

Dia.
Pois estando tu expirando,
se estava ela requebrando[27]
com outro de menos preço[28].

Fid.
Dá-me licença, te peço,
que vá ver minha mulher.

Dia.
E ela, por não te ver,
despenhar-se-á dum cabeço!

Quanto ela hoje rezou,
antre seus gritos e gritas,
foi dar graças infinitas
a quem a desassombrou.

Fid.
Cant'a[29] ela, bem chorou!

Dia.
Nom há i choro de alegria?..

Fid.
E as lástimas[30] que dezia?

Dia.
Sua mãe lhas ensinou...

Entrai, meu senhor, entrai:
Ei-la prancha! Ponde o pé...

Fid.
Entremos, pois que assi é.

Dia.
Ora, senhor, descansai,
passeai e suspirai.
Em tanto virá mais gente.

Fid.
Ó barca, como és ardente!
Maldito quem em ti vai!

Diz o Diabo ao Moço da cadeira:
Nom entras cá! Vai-te d'i!
A cadeira é cá sobeja;
cousa que esteve na igreja
nom se há-de embarcar aqui.
Cá lha darão de marfi,
marchetada[31] de dolores,
com tais modos de lavores[32],
que estará fora de si...

À barca, à barca, boa gente,
que queremos dar à vela!
Chegar ela! Chegar ela!
Muitos e de boamente[33]!
Oh! que barca tão valente!

Gil Vicente - Auto da Barca do Inferno

sábado, 23 de janeiro de 2010

Level 42 - Running In The Family

Qualquer Homem Como Eu...


Qualquer homem como eu tem quatro avós.
Esses quatro, por força, dezasseis.
Sessenta e quatro a estes contareis
em só três gerações que expomos nós.

Se o cálculo procede, espertai vós,
Que pela proa vêm cinquenta e seis.
Sobre duzentos mais que lhe dareis,
Qual chapéu de cardeal?Que espalha os nós?

Se um homem dá tanto cabedal,
dos descendentes seus, que farão mil?
Uma província?
Todo o Portugal?

Por esta conta, amigo, ou nobre ou vil,
sempre és parente do Marquês de Tal,
e também do porteiro Afonso Gil.


Paulino António Cabral de Vasconcelos
(1719-1789)
Abade de Jazente -Amarante

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fruta Para Dormir

Jabberwocky - Lewis Carroll


'Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimble in the wabe;
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe"

I Wonder...


"I wonder if I've been changed in the night? Let me think. Was I the same when I got up this morning? I almost think I can remember feeling a little different. But if I'm not the same, the next question is 'Who in the world am I?' Ah, that's the great puzzle!"

Alice in "Alice's Adventures In Wonderland"
by Lewis Carroll

http://www.gutenberg.org/etext/11

Jigsaw Falling Into Place - Radiohead


Lyrics | Radiohead lyrics - Jigsaw Falling Into Place lyrics

domingo, 17 de janeiro de 2010

Claudio Monteverdi



"Retrato de Claudio Monteverdi" 1640, por Bernardo Strozzi.
Gallerie dall' Accademia,Veneza.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Claudio_Monteverdi

"Sì Dolce" - Jaroussky & L´Arpeggiata

Das Que Vejo


Das que vejo
non desejo
outra senhor se vós non,
e desejo
tan sobejo,
mataria um leon,
senhor do meu coraçon:
fin roseta,
bela sobre toda fror,
fin roseta,
non me meta
en tal coita voss'amor!

João de Lobeira
(c. 1270–1330)

sábado, 16 de janeiro de 2010

"Pur Ti Miro" - Nuria Rial, Philippe Jaroussky, Christina Pluhar & L'Arpeggiata

Rondeau


Se souvent vais au moustier
C’est tout pour veoir la belle
Fresche com rose nouvelle.

D’en parler n’est nul mestier,
Pour quoy fait on tel nouvelle
Se souvent vais au moustier?

Il n’est voye ne sentier
Ou je voise que pour elle;
Folz est qui fol m’en appelle
Se souvent vais au moustier.

Cristina de Pisano
Veneza, 1364 — Poissy, c. 1430

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Cant Voi L'Aube Dou Jor Venir ...


Bele Doette as fenestres se siet,
Lit en un livre mais au cuer ne l'en tient,
De son ami Doon li resovient
Q'en autres terres est alez tornoier.
E or en ai dol!

Uns escuiers as degrez de la sale
Est dessendu, s'est destrossé sa male.
Bele Doette les degrez en avale,
Ne cuide pas oïr novele male.
E or en ai dol!

Bele Doette tantost li demanda:
"Ou est mes sires, que ne vi tel pieç'a?"
Cil ot tel duel que de pitié ploya;
Bele Doette maintenant se pasma.
E or en ai dol!

Bele Doette s'est en estant drecie:
Voit l'escuier, vers lui s'est adrecie,
En son tuer est dolante et correcie
Por son seignor dont ele ne voit mie.
E or en ai dol!

Bele Doette li prist a demander:
"Ou est mes sires cui je doi tant amer?"
"En non Deu, dame, ne.l vos quier mais celer:
Morz est mes sires, ocis fu au joster."
E or en ai dol!

Bele Doette a pris son duel a faire:
"Tant mar i fustes, cuens Do, frans debonaire,
Por vostre amor vestirai je la haire,
Ne sor mon cors n'avra pelice vaire.
E or en ai dol!
Por vos devenrai nonne en l'eglyse saint Pol.

" Por vos ferai une abbaïe tele,
Qant iert li jors que la feste iert nomeie,
Se nus i vient qui ait s'amor fauseie,
Ja del mostier ne cavera l'entreie."
E or en ai dol!
Por vos devenrai nonne en l'eglyse saint Pol.

Bele Doette prist s'abaiie a faire,
Qui mout est grande et adés sera maire;
Toz cels et celes vodra dedanz atraire
Qui por amor sevent peine et mal traire.
E or en ai dol!
Por vostre amor devenrai nonne en l'eglyse saint Pol.

Anónimo (Sec.XII-XIII)

"La Passacaglia della Vita" - L'Arpeggiata & Marco Beasley

domingo, 10 de janeiro de 2010

"Augellin" - L'Arpeggiata & Marco Beasley

Canción


Recuérdate de mi vida,
pues que viste
mi partir e despedida
ser tan triste.

1
Recuérdate que padesco
e padesçí
las penas que non meresco,
desque ví

la respuesta non devida
que me diste;
por lo qual mi despedida
fué tan triste.

2
Pero no cuydes, señora,
que por esto
te fuy ni te sea agora
menos presto;

que de llaga non fingida
me feriste;
así que mi despedida
fué tan triste.

Don Íñigo López de Mendoza,
Marquês de Santillana,
(1388 - 1458)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Poys que vós per hy mays valer cuydades,

















Poys que vós per hy mays valer cuydades,
mal vos quer’ eu conselhar, mha senhor;
pera sempre fazerde’ lo peyor,
quero-vos eu dizer como façades:
amad’ aquel que vos tem en desdem
e leixade min que vos quero bem
e nunca vós melhor enfus’ enchades.

Al vos er quero dizer que faredes,
poys que vos já mal ey de conselhar,
poys per hy mays cuydades acabar,
assi fazede como vós fazedes:
fazede ben sempr’ a quem vos mal faz
e matade min, senhor, poys vos praz,
e nunca vós melhor mouro matedes.

Ca non sey homen que se mais non queyxe
o que m’ eu queyxo d’ aver sempre mal,
por en digu’ eu con gram coyta mortal:
aquel que vos filhou nunca vos leixe
e moyra eu por vós, com’ é razon,
e, poys ficardes con el, des enton
coçar-vos-edes com a mão do peixe.

Do que diran poys, se Deus vos perdom,
por vós, senhor, quantos no mundo som,
liade todo e fazed’ end’ hun feixe.

D. Afonso Sanches (1289-1329)

"Silenzio d'Amuri" - L'Arpeggiata, Alfio Antico e Marco Beasley

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Querer-te...


Querer-te é sentar-me na praça, logo de manhã,
só para te ver passar
Querer-te é os teus olhos, o teu sorriso cúmplice,
as tuas palavras
Querer-te é também não me veres, se por acaso
alguém está perto
Querer-te é haver sol e vento e estrelas.
É o verde das acácias e das palmeiras e as rosas de Jericó
alinhadas até à ponta das dunas
Querer-te é o castanho doce dos figos sobre a mesa,
as tâmaras, a voz da grande Kolthoum vinda de uma
janela num cântico apaixonado ao Nilo
Querer-te é haver noite - ah, sobretudo a noite!
E é o teu corpo nu, exausto, branco como um templo,
porque todos os corpos são um templo no solo
consagrado que há
Querer-te é o sorriso no rosto das crianças, o grácil
e dançante caminhar das mulheres, a fonte, as águas
Querer-te é tudo, até o meu desejo de te não querer

Victor Oliveira Mateus

"La Carpinese" - Beasley, De Vittorio



Luce lu sole quanno è buono tiempo,
Luce lu pettu tujo, donna galante,
Mpietto li tieni duje pugnali argiento.
A chi li tocchi bella