terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cantiga


a este mote:

Quem ora soubesse
onde o amor nace,
que o semeasse.

Voltas

D' Amor e seus danos
me fiz lavrador;
semeava amor
e colhia enganos.
Não vi, em meus anos,
homem que apanhasse
o que semeasse.

Vi terra florida
de lindos abrolhos:
lindos para os olhos,
duros para a vida.
Mas a rês perdida
que tal erva pace
em forte hora nace.

Com quanto perdi,
trabalhava em vão;
se semeei grão,
grande dor colhi.
Amor nunca vi
que muito durasse,
que não magoasse.
Luís Vaz de Camões

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